Suicídio e Saúde das Emoções no Ambiente de Trabalho. Vamos falar?


Publicado em 26 Agosto de 2021
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Suicídio e Saúde das Emoções no Ambiente de Trabalho. Vamos falar?

Autora: Kellen Dionísio – Psicóloga (CRP 09/003484) - PUC GO, Me. em Saúde Psíquica do Trabalhador – Faculdade de Administração pela UFG, Mentora de Carreira e Consultora de RH

Como está a sua saúde mental? Esta é uma pergunta que não deve ser silenciada nos dias atuais. Eu quero ir direto ao ponto neste artigo, com a intensão de provocar a reflexão sobre a importância de falarmos, sem constrangimento, sobre este tema que é foco das enfermidades atuais.

Por que ainda é um tabu falarmos de doença metal e os riscos à vida, como o suicídio, caso extremo de sofrimento emocional? Precisamos, essencialmente, elevar a prioridade sobre o cuidado com o bem-estar psíquico, transpondo a mesma atenção que dedicamos aos cuidados ao corpo também à mente.

Especialistas da área de neurologia, psiquiatria ou psicologia sabem bem o que é lidar com uma doença que não tem um endereço certo. Onde está a mente? No cérebro? Mas em qual local especificamente? Alguns especialistas mostram que a medicina convencional subestimou o adoecimento mental, restringindo sua causa ao cérebro orgânico, como um desequilíbrio biológico da máquina cerebral. Felizmente, avançamos na compreensão que o adoecimento emocional, pertence, em parte, tanto aos aspectos biológicos, como também pela construção da subjetividade de cada indivíduo durante sua vida e também por seu contexto social.

A luz da psicologia positiva, Martin Seligman (pai dessa teoria), mostrou que os efeitos de modificação do meio ambiente e a ampliação das ações para promover o bem-estar sistêmico do ser humano (físico, mental, social, emocional e espiritual), trazem resultados substanciais para aqueles que padecem de transtornos mentais, como: Depressão, Transtorno de Bipolaridade e Transtornos de Ansiedade.

Daniel Goleman, o pai da teoria da inteligência emocional, também trouxe contribuições às empresas e indivíduos, mostrando que não devemos cuidar exclusivamente dos aspectos técnicos e intelectuais, mas principalmente de nossa inteligência emocional. O autor aponta que, em sua maioria, as pessoas se mostram “analfabetas” de tipos de emoções. A maioria não compreendo o que sente, o autor fala que a melhor condição de bem-estar ocorre com a pratica do autoconhecimento e o reconhecimento das próprias emoções.

Este descuido com as emoções agravou-se na pandemia de 2020, tendo uma explosão de adoecimento mental. Na crise sanitária do Coronavírus, a agenda de psicólogos e psiquiatras lotaram. Reportagem da BBC sobre dados coletados pelo Fórum Econômico Mundial, realizado em abril de 2021, revelou que 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou um pouco ou muito no último ano. Essa porcentagem só é maior em quatro países: Itália (54%), Hungria (56%), Chile (56%) e Turquia (61%). 1

Este dado faz convergência com uma triste realidade do sofrimento emocional, quando um indivíduo chega ao ponto de não ver saídas para aliviar a sua dor emocional e é impulsionado ao suicídio, ato de tirar a própria vida. Consta-se que no Brasil, cerca de 32 pessoas tiram a vida todos os dias, totalizando  um média de 12 mil pessoas no Brasil, no mundo este número chega a 800 mil a 1 milhão, conforme revela dados da OMS – Organização Mundial da Saúde.

Conforme o Ministério da Saúde do Brasil, 96% dos casos de suicídio estão relacionados com transtornos de depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de drogas. 2

É importante afirmar que boa parte dos suicídios podem ser evitados, estima-se que 9 casos em 10 podem ser prevenidos. Para ajudarmos nesta prevenção é importante alertarmos para alguns sinais que podem impulsionar as pessoas ao suicídio:

  1. Isolamento e sentimento de inadequação a sociedade;
  2. Tentativa de chamar atenção dos parentes;
  3. Sofrimento de bulling e vergonha social;
  4. Tendência a ter um foco sempre negativo acerca dos acontecimentos do mundo;
  5. Ameaça aberta do desejo de tirar a própria vida;
  6. Declarações de despedida as pessoas em redes sociais;
  7. Relatos de ambivalência em relação a vida, desejo de tirar a própria vida, mas terem sentimento de culpa por terem afetos;
  8. Sentimentos de vingança, desejo de fazer outras pessoas sofrerem, medindo o seu próprio sofrimento;
  9. Mudança de vida: luto por perda de ente querido, divórcio, perda de emprego, perda de bens e rebaixamento do poder aquisitivo.

O dia mundial da prevenção ao suicídio ocorre no dia 10 de setembro, conhecido como Setembro Amarelo,  é lembrada no Brasil durante todo o mês de Setembro desde 2015.

Fique de olho, cuide de suas emoções e daqueles que estão próximos a você também. Lembre-se, falar é sempre a melhor prevenção!

 

1. BBC – Português - https://www.bbc.com/portuguese/geral-56726583#:~:text=Segundo%20pesquisa%20do%20instituto%20Ipsos,%25)%20e%20Turquia%20(61%25).

2. Ministério da Saúde -  http://www.saude.ba.gov.br/2020/09/10/oms-alerta-suicidio-e-a-3a-causa-de-morte-de-jovens-brasileiros-entre-15-e-29-anos/